Movimento de Activismo Poético | Práticas Artísticas na Comunidade
A Biblioteca Ignorante é uma biblioteca itinerante e amarela que chega sempre com os seus livros em branco, livros cheios de nada. Todo o saber e as histórias destes livros vazios são construídos com quem nos visita e é visitado por nós, num movimento de aproximação e de escuta das comunidades em lonjura que habitam ainda algumas das nossas aldeias mais remotas.
Reconhecendo nas nossas gentes e nos seus lugares de existência, fundamentais identidades participativas, culturas vivas e museus a céu aberto, não podemos ignorar estas vozes que se vão despovoando ao longo do tempo, extinguindo-se silenciosamente no seu isolamento geográfico e no esquecimento social, esmaecendo-se com elas tudo o que estas pessoas sentem, sabem e quem são.
A Biblioteca Ignorante é um projecto de práticas artísticas comunitárias que quer provocar ligações e reconstruir proximidades com aldeias rurais em situação de periferia, desertificação e risco de desaparecimento, muitas delas colonizadas e reduzidas apenas a breves postais de passagem das migrações turísticas.
Através de um diálogo criativo com estes territórios que são, afinal, espaços-mãe, línguas maternas, histórias de vida e vidas de histórias de todos nós, queremos ocupar o espaço público e natural destas aldeias, construindo processos intergeracionais de arte participada, de expressão endógena, de investigação e conhecimento colaborativo das identidades e subjectividades locais.
Transportamos connosco a profunda vontade de escutar e de conhecer, de registar e de partilhar, de buscar e de encontrar o âmago de cada comunidade, atravessando a distância que aparta o seu lugar no mundo. Queremos criar juntos uma linguagem ressonante e performativa de cada lugar, ecoando a sua visibilidade, transformando a sua vulnerabilidade num eco tangível de resistência e sustentabilidade sociocultural.
Na bagagem de uma equipa multidisciplinar, levamos e trazemos connosco, enquanto instrumentos de narrativa autorrealizadora, a dança, a escrita, o livro de autor, o desenho, a pintura e a fotografia, por dentro de um conceito de contexto de globalidade e de uma poética da memória e dos afectos.
Biblioteca Ignorante porque não queremos ignorar, porque os saberes e a história fazem-se de todos e com todos. Porque a pior ignorância não é não saber, é não querer saber. E deixar esquecer quem é, sempre também, a expressão de uma visão única de cultura e do que significa ser humano.
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